Ai, ladrãozinho,
Nesse lábio de coral
Dá-me um beijinho
Não te pode, fazer mal
És tão sestrosa
Não há como tú
Flor tão cheirosa, não há
(para ladrão)
Não me apoquentes, assim,
Ai de mim
Ai, ai, ai de mim
Teu lábio cheira
Como um galho de alecrim
Tú és faceira
Queres dar, cabo de mim
Ouve um suspiro de amor
Estes ais,
Que dá um martírio de dor, ora meu deus !
Como é penoso viver, a gemer
Ai, ai a gemer.
Eu canto em minha viola, ternuras de amor
Mas de muito amar
O choro, as mágoas consola
Teu belo rigor, quer minha vida acabar
Eu sou jaçanã ferida
Gemendo de amor
Lá na solidão
Minh'alma no peito vencida
Soluça de dor
Nesta pobre canção
Na minha choça, seu escravo, sou até
Tenho uma roça e uma casa de sapé
Foi para dar-te que a fiz e que vivo
Por amar-te feliz
Valha-me deus
Nela contigo serei
Mais que um rei
Há, ai ! mais que um rei
Como eu sou rico, se me cresce, o milharal
Ai, como fico, se floresce, o cafezal
Mas fico mudo, sem ti chora tudo
Tudo, tudo daqui, úi, úi, úi!
Quando me negas ó flor, teu amor,
Ai ! o teu amor !