Aproximam-se os sacerdotes
A fragância em seus turíbulos
Exala o sono eterno
Conduzem vestes e sais de prata, em trapos
Ensangüentados em remorso e sacrilégio
Com os pés descalços
A plebe exalta meu martírio
Guiada pela lâmina áspera da
Voz de seu mestre
O silêncio ecoa...
Mas eis que súbito ouço a mais bela voz
É o som de minha alma que coordena agora o meu corpo e raciocínio
(...) traga os meus líquidos
É vós que sois o impulso para a mão-seca do carrasco
Calai-vos ante meu último suspiro
Se é que ainda possuis compaixão
Neste carvão que levam ao peito
Torturam-me a caminho da pira mortal
Almejando incinerar minha ira
Pobres criaturas
Vós sois os tolos que atraiçoam o próprio ideal
Vós reverenciais cruzes à quem um dia ousaram condenar
Certa vez um homem ensinou-vos a revolução interior
Ensinou-vos a praticar o amor e a misericórdia
Tudo o que conseguiu de vós foi a idolatria
Atraiçoado, atirou-se ao calvário por vossa tolice
E agora você me cinge os punhos para atear-me fogo!
Eis que com orgulho entrego-me a vosso sacro julgamento
Mas não esqueceis! Vós carbonizais minha carne
Contudo, libertais meu espírito à plenitude cósmica!