Venho assobiando no lombo desta rosilha
Vem que é uma gata quase nem pisa no pasto
De cacho atado e o poncho moldando o basto
Nesta crioula que deixei pra minha encilha
E nas distâncias despachando um trote lindo
Com a liberdade abanando franja e crina
É quase um sonho pra quem vai rever a china
Das tardes grandes pelas folgas de domingo
Num rancho pobre surge uma flor na janela
Razão dos sonhos que alimentam meu viver
Trigueira linda, naco de luz, bem querer
Meu coração já fez morada pra ela
É muito pouco, quase nada a dividir
Léguas de apego, povoadas de amor e vida
Velar teus sonhos nas madrugadas compridas
Beijar teus lábios nas auroras que hão de vir
Vejo os teus olhos no remanso das aguadas
Sinto o teu cheiro na florada do varzedo
Quem sabe um dia hás de sorver meus segredos
Na luz de um catre bordado de madrugadas