Acordei cedo, espreguicei, fiz o sinal da cruz
Pão com café, bati um bom, meti a lupa e fui
Andei uns 5 metros, vi meu vizinho bebum
Cambaleando com a garrafa de rum, u-hum
Há ou não há a verdadeira malandragem, véi?
Se há, não é essa que eu vejo aqui
Chegou minha lotação e eu preciso ir
Meu vizinho se levanta pra depois cair
Diz que bebe todas mesmo, não tá nem aí
Duvido que alguém seja feliz assim
No centro de Taguatinga, fica mais claro ainda
O álcool é a droga, o copo, o gargalo, a seringa
Efeito devastador
100 pontos contra para cada um a favor
Ganhou carteira em baixo do travesseiro
Visão alterada no espelho,
O entra e sai no banheiro
Álcool, miséria, dinheiro,
Combustíveis que movem o puteiro
Lares detruídos, desprezo em excesso
Voltar a ser sóbrio, amargo regresso
A verdadeira malandragem vale mesmo ouro
Procurada nos bares, nos bailes em vários lugares
Até que um dia a vida mostra pra você
Que a verdadeira malandragem é viver
[Se segura malandro
(A verdadeira malandragem)
Se segura malandro,
Pois um dia há de chegar a sua hora]
Samambaia 6 e meia, tensão
Um moleque de 14 com oitão na mão
De QR em QR, à procura
Do sangue da vítima futura
De aprontação em aprontação, ganhou fama
Encontrá-lo, vai na boca ou no fliperama
Pavio curto, confusão, mandava logo se foder
Não dava estia nem tempo do cara se crescer
Peita doido, até ciclone
Seis meses de reinado tinha seu nome, mais nome
Reinou supremo até sua lua de mel com os home
Cagüetagem...
Foi só fugir do cage,
O cagüete partiu
Para uma longa viagem
É, viagem é viagem...
Há ou não há a verdadeira malandragem, véi?
Se há não é essa que eu vejo aqui
Mano Mix que me contou a história
Conheceu o moleque ainda criança
Acompanhou toda a sua infância
Bom de bola, jogava de ponta de lança
Hoje já não joga, mora no campo da esperança
A verdadeira malandragem vale mesmo ouro
Procurada nos bares, nos bailes,
Em vários lugares
Até que um dia a vida mostra pra você
Que a verdadeira malandragem é viver
[Se segura malandro
(A verdadeira malandragem)
Se segura malandro,
Pois um dia há de chegar a sua hora]
Dona Maria Do Livramento, merendeira
Diz que a verdura no sacolão tá mais cara que na feira
Odeia droga, pilantragem, bebedeira
Não entende a diferença entre as igrejas
Com a comadre aprendeu suas primeiras letras
Não se envergonha de dizer
Que só às vezes come carne de primeira
Faz cara feia quando o marido tá de cara cheia
Odeia comentários sobre a vida alheia
Desde o início, o vício do filho foi um desafio
Transformar o joio em trigo
Costuma dizer que ninguém nasce ruim,
Aprende aqui no mundo
E se construiu o seu barraco de fundos
Vai conseguir tirar o seu moleque desse poço fundo
Desse poço fundo
Há ou não há a verdadeira malandragem, véi?
Se há, é ela que eu vejo aqui
Disposição pra proseguir
A verdadeira malandragem vale mesmo ouro
Procurada nos bares, nos bailes,
Em vários lugares
É encontrada na senhora de idade
Que procura em si dignidade e força de vontade
[Se segura malandro
(A verdadeira malandragem)
Se segura malandro,
Pois um dia há de chegar a sua hora]