Vivo domando cavalos e potrancas redomonas
Marcando zebu a pealo e orelhando uma cordeona
Nesses ofícios sagrados de gaiteiro e de peão
Eu canto o meu estado com garra e devoção
De segunda à sexta-feira sou domador e campeiro
E nos finais de semana sou cantador e gaiteiro
A mão que segura o mango pra aconselhar aporreados
É a mesma que nos fandangos passeia sobre teclados
A mesma voz de campeiro que grita bamo cavalo
É a mesma que nas bailantas faz eco nesta garganta
Metendo inveja nos galos
Sou desses que dá risada se vê a morte na frente
Pois nessa lida pesada, só tem lugar pra valente
Quando um beiçudo se assanha na saída da porteira
O meu mango acompanha no tranco de uma vaneira
Só enfrento bagual feio que sente a mosca no lombo
É só rachando no meio pra o maula me dar um tombo
A mão que segura a crina num jeitão rude de taita
É a mesma que tem a sina de campear os baixos da gaita